O barulho de uma betoneira vinda do pátio da escola Municipal de Ensino Fundamental Núcleo Habitacional Getúlio Vargas trouxe um pouco esperança para o casal Bruna Vieira, 26, e Dione Rodrigues, 38, que passava na frente do educandário com os filhos Eliezer, 11, e Juan Pierre, sete, e viu o portão aberto. Interditada desde o dia 26 de junho, a escola deve receber este mês contêineres que servirão de salas de aulas e assim o que resta do ano letivo possa ser retomado. A Prefeitura prefere ser cautelosa e não fixar uma data, pois a previsão vai depender do desempenho da empresa contratada para montar a estrutura, além do fator climático.

Sem aulas, a rotina do casal muda por completo, pois precisa, por vezes, faltar ao trabalho - ele de marmoreiro e ela de diarista - por não ter com quem deixar as crianças que são alunas do Getúlio Vargas. "A preocupação maior está com o desenvolvimento escolar deles. O Eliezer tem dificuldades com a leitura e quando estava começando a ler a escola fechou", disse a mãe. O estudante do quarto ano disse que sente falta dos colegas e do recreio. Bruna e Dione até tentaram vaga em outra escola, mas só havia na Emef Francisco Caruccio, o que ficava inviável para os pais por causa da distância.

Os dois resolveram olhar pelo portão o andamento das obras e o que viram foi o serviço de análise do solo de toda escola e o aterro na área externa. "Essa obra vai demorar. Estou muito preocupado, pois não acredito que consigam recuperar o ano letivo", comentou.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed), estão sendo executadas as obras da rede de esgoto, bem como os pilares para a construção do novo muro da área da escola. O espaço que irá receber os contêineres está em fase final de aterramento e, nos próximos dias, está prevista a execução do nivelamento dos blocos de sustentação dos contêineres. Para essa etapa, espera-se contar com clima favorável para a efetivação da ação.

Finalizadas as etapas do preparo do terreno, a empresa contratada para locação dos equipamentos terá condição para a próxima etapa. Simultaneamente, outra empresa - responsável pela construção da nova escola Getúlio Vargas, que será definitiva -, iniciou a perfuração do terreno para a sondagem, a fim de analisar a resistência do solo.

Sobre as aulas, a Smed diz depender da ação da empresa contratada para instalar os contêineres e assim, estabelecer o início das aulas. Em resposta à Câmara de Vereadores, que solicitou informações sobre Emef Getúlio Vargas, a pedido da vereadora Fernanda Miranda (PSOL), o ofício consta que um novo calendário escolar será elaborado contemplando os dias trabalhados e os que faltam para fechar os 200 dias letivos e as 800 horas e não irá coincidir com o final do ano civil. Além disso, foi informado ainda que as aulas serão retomadas gradativamente, conforme a conclusão dos blocos de contêineres. Já em reunião com o Conselho Tutelar, a data seria 45 dias corridos após a assinatura do contrato com a empresa, marcando assim o retorno das aulas para o dia 7 de novembro de 2023. Data que será bastante aguardada pelos pais Dione e Bruna.